Amigo de longa data do presidente Lula, o senador Paulo Rocha, que deixa o governo no início do ano para dar vaga a Beto Faro, o senador do governador, deverá ser nomeado para a Sudam, não necessariamente pelas mãos de senador eleito/Fotos: Divulgação.

A torcida é grande e os corredores conspiram a favor, mas não será novidade se o PT do Pará não conseguir emplacar nenhum ministro, devendo seguir na composição do próximo governo Lula na mesma condição de auxiliar do MDB, que optou por ocupar desde que o deputado federal, agora senador eleito, Beto Faro, se tornou presidente estadual da legenda.

Para quem não lembra, em 2019 o PT promoveu seu sétimo congresso, reunindo 300 delegados e delegadas de municípios representando as regiões do Estado. No primeiro dia foram aprovados o regimento e a tese guia; moções, resoluções e emendas retóricas à tese guia e inscritas três chapas e três candidaturas à presidência do partido que os delegados e delegadas votaram. Beto Faro obteve 245 votos, Karol Cavalcante, 33, e Nonato Guimarães, onze. Beto Faro foi eleito por ampla maioria porque juntou todos os blocos do centro petista com ele, o que incluía os grupos do senador Paulo Rocha e do ex-deputado Zé Geraldo. Essa votação selou o destino do PT como sublegenda do barbalhismo.

Durante a campanha ao Senado, o candidato Beto insistia que ele era “o candidato de Lula”. Formalmente, sim, mas o mal-estar de Lula com o apagamento político do amigo Paulo Rocha ficou patente na entrevista que o ex-presidente deu a “O Liberal”, no dia 28 de janeiro. “Parece que Beto será candidato ao Senado”, disse o presidente de honra do PT, sem nenhum entusiasmo.

Rejeição do eleitorado

A operação política do governador Helder Barbalho, engenhosamente urdida, foi que garantiu a eleição de Beto Faro, não apenas movendo a máquina de maneira agressiva, pressionando prefeitos e aliados, mas tirando do caminho todos os obstáculos. A censura a outras candidaturas de esquerda e a tática de lançar dois outros candidatos de direita para dividir os votos de Mário Couto foram decisivos para a eleição do candidato de Helder ao Senado.

Para quem duvida dessa afirmação, convém consultar os números da eleição para o Senado em 2022, destacando os quase 2 milhões de votos brancos ou nulos para o cargo, o que demonstra que cerca de um terço dos eleitores paraenses não votaram em nenhum dos postulantes. 

O lugar de Paulo Rocha

Desse modo, os rumores que chegam de Brasília dão conta de que o governador Helder Barbalho e o senador Jader Barbalho devem indicar mesmo uma cadeira ministerial no próximo governo, cabendo ao PT aqui, os cargos adjacentes, o que não significa pouco emprego e recurso nas mãos da companheirada, mas demonstra o tamanho real a que o PT se confinou. Paulo Rocha, escanteado por Beto Faro e Helder Barbalho, mas prestigiado por Lula, deve ocupar um dos cargos mais cobiçados na região, a chefia da Sudam, órgão subordinado ao Ministério de Desenvolvimento Regional. Estarão em suas mãos os planos regionais de desenvolvimento plurianuais e anuais, articulados com os planos federais, estaduais e locais, o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte – FNO, o Fundo de Desenvolvimento da Amazônia – FDA, além dos programas de incentivos e benefícios fiscais e financeiros, na forma da lei e da Constituição Federal. São bilhões de reais para serem distribuídos a cada ano.

Cada um tem o que merece

O indicado do MDB para o ministério será Jader Filho, a próxima aposta da família para a continuidade dinástica do neobaratismo. A Beto Faro, o senador de Helder, caberá indicar cargos de terceiro escalão – o que está de bom tamanho para quem se prestou a abrigar como suplente em sua chapa um office-boy da Casa Civil.

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