Chegou onde precisava chegar: o parque industrial de Icoaraci, distrito da Região Metropolitana de Belém, opera sob o manto do terror, imposto por organização criminosa que atua em Belém com cobrança de pagamento de ‘taxa de segurança’, atacando empresas que se negam a ceder e fazendo ameaças veladas a pequenos, médios e grandes empresários. A denúncia foi levada aos dirigentes do setor industrial do Estado, nesta semana, com a informação de que a área de Segurança Pública do governo do Pará tem conhecimento dessas ocorrências.
Ainda não se tem conhecimento de qualquer pedido de providência do setor industrial contra ataques a embarcações, instalações industriais e empresários da região de Icoaraci, mas é fato que diversas ocorrências policiais têm sido registradas nos últimos meses, apesar do temor que paralisa as vítimas, por conta de eventuais retaliações. A rigor, estabeleceu-se a ‘lei do silêncio’ no distrito, favorecendo o ambiente para ações criminosas cada vez mais ousadas.
Ao menos uma abordagem
Fontes ouvidas pela coluna apontam que “a situação não é nova e é do conhecimento da área da Segurança Pública, mas as empresas continuam a ser pressionadas”. Na mesma batida, cresce a ocorrência de roubo de combustível nas embarcações da rota Manaus-Belém-Manaus e hidrovias, provocando o aumento do custo da segurança e de fretes que, invariavelmente, chega ao bolso do consumidor. Uma coisa é certa: os empresários seguem a lei do silêncio e fogem do tema organização criminosa como o diabo foge da cruz. Alguns até admitem ter recebido pelo menos uma abordagem neste ano, mas desconversam sobre se acolheram ou não a “proteção”.
O preço da tal ‘proteção’
Sabe-se que a organização criminosa estabelece patamares de R$ 5 mil a R$ 6 mil por indústria mensalmente, com pagamento em espécie. Os setores mais visados são os de logística, pesca e madeira, os mais consolidados no Distrito de Icoaraci. O ‘serviço’, segundo fontes, inclui monitoramento por zona área, investigações paralelas e até bloqueio de vias de acesso, a partir das 18 horas. Vila dos Inocentes, Mangue e Uchiteua, que ficam na Estrada Velha de Outeiro, seriam exemplos acabados do avanço da organização no âmbito industrial.