Direção do Hospital Santo Antônio Maria Zacaria, vinculado à Diocese de Bragança, vira alvo do MP e coloca a gestora dos equipamentos da Igreja no centro das atenções. Veja como o Vaticano decidiu intervir na diocese e a reação da Secretaria de Educação, através da 1ª. URE, à viagem de turismo em Roma/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.   

Extrato de Portaria 003/2022 publicado ontem no Diário Oficial do Estado aponta que a terceira promotora de Justiça titular de Bragança, Maria Cláudia Vitorino Gadelha, abriu procedimento para apurar possíveis irregularidades na gestão da saúde no Hospital Santo Antônio Maria Zacaria, unidade vinculada à Diocese de Bragança, e que tem como gestora Irmã Estelina Oliveira.

Como se sabe, nos últimos meses, o hospital vive crise sem precedentes em sua história junto à comunidade católica da região e dentro da própria Igreja, em que a religiosa, há mais de 30 anos à frente da gestão da diocese, aparece como personagem principal, ao lado de amigos, parentes e aderentes, graças à suposta inação dos bispos locais e grande influência política, tanto na região, como no Estado e além, dizem.       

A crise, porém, tem seu ponto nevrálgico diluído entre a administração do hospital e demais equipamentos da Igreja em Bragança e região, com efeitos colaterais na própria Igreja, principalmente por supostamente abalar a fé da comunidade católica, como se verá a seguir.

O procedimento aberto pelo Ministério Público visa investigar possíveis irregularidades no repasse de verbas provenientes do Convênio 01/2022, firmado entre a Secretaria de Saúde do Pará e o Hospital Santo Antônio Maria Zacaria, mas a promotoria não faz referência a valores.

Embora tecnicamente o procedimento se restrinja apenas a esse convênio, a expectativa da população de Bragança aponta para a esperança de que, a partir dele, o Ministério Público alcance o que o senso comum enxerga como irregular na gestão do hospital, aí incluídos atrasos de pagamento de pessoal, contratações supostamente irregulares, interferências políticas e prejuízos ao atendimento da população de Bragança e região.  

A Igreja em chamas

Pouca gente sabe, mas foi o então arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner, antes da criação do cargo de cardeal da Amazônia, ao qual foi guindado pelo Papa Francisco, meses atrás, o chanceler enviado pelo Vaticano à Bragança para estudar a ‘situação de desgoverno’ denunciada na diocese.  De posse de relatório produzido por Dom Leonardo Steiner, O Santo Pontífice decidiu intervir na diocese, afastando o Administrador Apostólico, Dom Luís Ferrando e nomeando o bispo Coadjutor, Dom Possidônio da Matta, no prazo recorde de 15 a 20 dias

Vai daí que, hoje, corre à boca pequena que em caso de outra eventual intervenção do Papa na problemática Diocese de Bragança, a opinião de Dom Leonardo Steiner, descendente de alemães, será decisiva.  Tem-se como certo que ele é quem indicaria um novo bispo titular para Bragança, de perfil gerencial firme, energia de jovem e mão de ferro, possivelmente trazido de diocese do sul do País, particularmente também descendente de alemães de Santa Catarina, onde nasceu.

Entre Roma e Paris

A ex-deputada Eulina Rabelo, atual coordenadora da 1ª. Unidade Regional de Educação de Bragança, órgão que representa a Secretaria de Educação do Estado na região, disparou ofício, ontem à tarde, endereçado à direção da Escola Leandro Lobão.

Eulina quer saber, em prazo já determinado, o que fazem professores da rede pública vinculados à escola em suposta viagem de turismo entre Roma e Paris em pleno ano letivo, conforme imagens que circulam nas redes sociais que chocaram servidores e a população da região.

Hora de se explicar

No grupo, entre servidores cedidos pelo Hospital Santo Antônio Maria Zacaria para a Secretaria de Saúde do município, dirigida pelo vice-prefeito, atual secretário da pasta e ex-diretor do hospital Mário Júnior  aparecem duas supervisoras educacionais da escola.