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Pesquisa Doxa mostra cenário fragmentado para Câmara Federal na Grande Belém

Levantamento indica que novos nomes despontam com força e expõe disputa entre mulheres do MDB na Região Metropolitana.

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  • Da Redação | Coluna Olavo Dutra
  • 20/10/2025, 08:00
Pesquisa Doxa mostra cenário fragmentado para Câmara Federal na Grande Belém
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mais recente pesquisa Doxa, divulgada neste sábado, 19, revela um cenário em aberto na corrida para a Câmara Federal entre os eleitores da Região Metropolitana de Belém. O levantamento foi realizado entre 13 e 18 de outubro, com 4 mil entrevistas nos municípios de Belém, Ananindeua, Marituba, Benevides e Barcarena, e margem de erro de 2,5 pontos percentuais.

Alessandra e Renilce aparecem entre as mais lembradas - Patrícia está distante; como novos postulantes estão Bob Fllay, Jader Filho e Cássio Andrade/Fotos: Divulgação.

Renovação à vista

Segundo o instituto, entre os novos postulantes, o deputado estadual Bob Fllay, do PL aparece na dianteira, com 14,25% das intenções de voto, seguido pelo ministro das Cidades Jader Filho, do MDB, com 10,60%, e pelo secretário de Esporte e Lazer do Pará, Cássio Andrade, do PSB, com 6,43%. O ex-prefeito de Ananindeua Manoel Pioneiro, do PSDB, figura em quarto lugar, com 5,09%.

Cenário disperso 

Entre os atuais deputados federais, o cenário é de dispersão: Eder Mauro, do PL, lidera com 8,85%, seguido de Alessandra Haber, José Priante e Renilce Nicodemos, do MDB, e Júnior Ferrari, do PSD, todos com percentuais abaixo de 8%. A fragmentação indica que o eleitor metropolitano ainda não definiu preferências consolidadas e pode ser sensível à dinâmica de alianças e à exposição midiática na pré-campanha.

MDB sob pressão 

É fato que, na pesquisa, o MDB aparece com forte presença entre os nomes testados, mas com uma diferença crucial: parte dos seus quadros enfrenta crise de imagem, enquanto outros tentam se consolidar como alternativas de renovação. É o caso das duas mulheres que se destacam no levantamento - Renilce Nicodemos, deputada federal que busca a reeleição, e Patrícia Alencar, prefeita de Marituba, que surge como um novo nome cotado, mas distante, para a disputa.

Espaço e turbulência

Segundo a pesquisa, Renilce Nicodemos figura entre os cinco parlamentares mais lembrados pelos eleitores da região, mantendo presença significativa no eleitorado urbano. Sua trajetória dentro do MDB a posiciona como uma liderança consolidada, especialmente entre as bases ligadas ao governo estadual.

Já Patrícia Alencar, prefeita de Marituba, aparece no levantamento entre os “novos postulantes” à Câmara, mas seu nome surge em meio a um contexto conturbado: sua gestão foi diretamente atingida pela Operação Expertise, deflagrada pela Polícia Federal no início de outubro.

No olho do furacão

A segunda fase da investigação resultou na prisão da vice-prefeita Bárbara Marques, do MDB, acusada de envolvimento em fraudes em licitações, corrupção e lavagem de dinheiro, com desvios estimados em R$ 200 milhões de recursos públicos da saúde e educação. A PF também apreendeu joias, dinheiro vivo e veículos de luxo, o que ampliou a repercussão do caso.

Embora a prefeita negue irregularidades e afirme colaborar com as investigações, o episódio coloca Marituba - um dos principais redutos do MDB na Grande Belém - no epicentro de uma crise ética e política.

Disputa silenciosa

Nos bastidores, aliados avaliam que a disputa entre Renilce Nicodemos e Patrícia Alencar pode marcar uma ruptura interna no MDB metropolitano. Enquanto Renilce aposta na fidelidade da base e em sua proximidade com o núcleo do governo estadual, Patrícia tenta manter influência local e evitar que o escândalo da Expertise destrua sua imagem pública.

A depender do desfecho judicial e do impacto político da operação, a prefeita de Marituba pode se tornar um peso para o partido, forçando o MDB a rever suas estratégias na região.

O desafio para a legenda será reverter a percepção de desgaste ético e apresentar novos nomes com credibilidade - tarefa difícil num momento em que o eleitor paraense, especialmente o da Grande Belém, parece cada vez mais desconfiado dos velhos arranjos políticos.

Sinais de ruptura

O levantamento da Doxa reforça outro fenômeno: a força de novos nomes na corrida eleitoral. O deputado estadual Bob Fllay aparece na liderança entre os postulantes à Câmara, com 14,25%, seguido do ministro Jader Filho, com 10,6%, e de Cássio Andrade, com 6,43%.

Em contraste, entre os parlamentares já em exercício, Eder Mauro, do PL, lidera com 8,85%, enquanto os demais - como Alessandra Haber, Priante, Renilce Nicodemos e Júnior Ferrari - registram índices próximos e pouco expressivos. O resultado evidencia baixa fidelização do eleitorado e um desejo de renovação política, especialmente nas áreas urbanas.

Para analistas ouvidos pela Coluna Olavo Dutra, essa fragmentação pode abrir espaço para novas lideranças regionais, inclusive fora dos grandes partidos. A pesquisa sugere que o eleitor da Grande Belém está menos alinhado a legendas e mais sensível à imagem pessoal e moral dos candidatos - um fator que pode ser decisivo em meio a escândalos de corrupção como o de Marituba.

Leituras políticas

Apesar da robustez da amostra, a pesquisa da Doxa reflete apenas o recorte metropolitano, o que limita projeções estaduais mais amplas. Regiões como o Baixo Amazonas, o sudeste e o sudoeste do Pará, historicamente decisivas, não foram contempladas. Além disso, o estudo mistura nomes em mandato e possíveis pré-candidatos, o que torna o cenário ainda fluido.

Mesmo com essas ressalvas, o levantamento é politicamente simbólico: mostra o MDB em xeque, com parte de suas lideranças tradicionais tentando sobreviver à saturação eleitoral e à sombra de escândalos, enquanto novos quadros tentam ocupar o vácuo deixado por uma base corroída.

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•O deputado Jilmar Tatto revelou ao Congresso em Foco que convenceu o presidente Lula a estudar a criação de um sistema nacional de transporte público gratuito. 

Inspirado no SUS, o modelo prevê financiamento tripartite e adesão voluntária dos municípios. 

•O preço do petróleo em queda e uma publicação da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, podem indicar que o valor da gasolina terá redução no curto prazo em até 10%. Oxalá.

A propósito, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis não mente: existe uma defasagem de 9% do preço da gasolina no Brasil em relação à cotação internacional; ou seja, o preço está mais caro aqui que no exterior. 

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.