Iniciativa avança mesmo com limitações sociais e econômicas impostas à região do Marajó.
oucas pessoas atuam tanto na divulgação das camisas com traços marajoaras como o governador Helder Barbalho. Quando recebeu o presidente da França, Emmanuel Macron, em solo paraense, em março deste ano, Helder fez questão de entregar ao líder europeu uma camisa confeccionada por um ateliê onde mulheres da Ilha do Marajó fazem dessa arte instrumento de geração de emprego e renda.
O presente foi entregue na Ilha do Combu, durante parte da agenda cumprida por Macron no Pará. Na ocasião, o próprio governador vestia uma camisa de design marajoara, repetindo uma dinâmica utilizada por ele em diferentes eventos e agendas oficiais, desde de que assumiu o mandato.
A verdade é que a demanda pela moda que reproduz em panos e estampas os traços de uma cultura rica e autêntica vem ganhando força entre as costureiras e bordadeiras que mantêm viva essa tradição. Em uma casa pequena, com paredes ainda no reboco, Dona Cruz, de 77 anos, moradora do município de Soure, é uma dessas mulheres.
As peças elaboradas por ela, geralmente camisas de botão, são voltadas para ocasiões especiais e, a depender da complexidade, pode levar de um a três dias para ser produzida. Cada uma é feita à mão em tecido de algodão, e tem fitas bordadas com linha, que seguem grafismos inspirados em cerâmicas indígenas antigas.
A própria costureira afirma que, depois que Helder Barbalho usou o traje confeccionado por ela na Cúpula da Amazônia em 2023, a procura pela vestimenta cresceu. A costureira trabalha sob encomenda e manda via Correios os produtos para diversos lugares do país, como Brasília, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.
“Geralmente, o que eu ganho da venda das camisas, eu gasto na compra de novos materiais. Para quando o cliente chegar, ter sempre algo disponível. Eu trabalho por conta própria, sem empréstimos. E o dinheiro da aposentadoria fica para as despesas da casa”, explica dona Cruz.
“Os valores de cada roupa dependem do tamanho. Se tem manga curta ou longa, se é P ou G. Então, ela pode custar entre 290 e 410 reais”. O benefício evidente foi a possibilidade de se manter ativa e obter novos conhecimentos.
“Trabalhava como inspetora de colégio e depois me aposentei. Quando fiquei viúva, para não ficar sem fazer nada, eu me dediquei às camisas. É bom para manter a cabeça ocupada e não ficar pensando em outras coisas, né?”, diz a costureira.
Entre as poucas ajudas que Dona Cruz recebeu estão uma máquina de costura industrial, a partir de uma parceria entre a prefeitura de Soure e o governo do Estado. Além disso, recebeu um conjunto de orientações do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), no âmbito do programa Polo de Moda do Marajó. Aprendeu sobre formação de preço e estratégias de venda, melhoria na apresentação dos produtos -como uso de embalagens adequadas - e como acessar novos mercados.
“O Polo de Moda do Marajó tem transformado a vida das participantes ao gerar oportunidades de renda, resgatar saberes tradicionais e fortalecer a autoestima das mulheres envolvidas. Ao profissionalizar a produção, estimular o empreendedorismo e conectar essas artesãs e costureiras a novos mercados, o Polo promove inclusão produtiva, autonomia econômica e valorização cultural”, diz Renata Rodrigues, gerente do Sebrae no Marajó.
No fim de outubro, Dona Cruz vai compartilhar os conhecimentos com outras pessoas da ilha. Ela vai ministrar um curso de camisaria marajoara pelo Sebrae, o que pode ajudar a manter viva uma técnica de bordado que poucos dominam. O professor que a ensinou, conhecido como Baiano, morreu em decorrência da covid-19 durante a pandemia. Das dez alunas que ele tinha, apenas Dona Cruz concluiu o curso.
Da cerâmica ancestral à passarela contemporânea, a arte marajoara ganha novas formas pelas mãos da quilombola Rosilda Angelim, de 56 anos, artesã e costureira de Salvaterra. Antes de viver da arte, ela trabalhou como professora e funcionária pública. Após perder o emprego, enfrentou dificuldades financeiras e depressão, até descobrir na costura uma nova chance.
“Foi como um empurrão. Eu comecei na costura há uns 30 anos, mas há 16 me encontrei de verdade no grafismo marajoara”, conta a artesã. “O meu objetivo é divulgar a minha cultura. Quero que o mundo conheça o Marajó”.
Hoje, Rosilda lidera um ateliê com seis pessoas e produz roupas e acessórios que unem moda e identidade amazônica. Suas criações são vendidas em lojas de Belém e atraem compradores de outras regiões do país. A sustentabilidade também é parte central do trabalho. O ateliê utiliza tecidos 100% algodão e reaproveita sobras de material.
“Nada fica parado. O que sobra, a gente doa para mulheres que fazem tapetes e outros artesanatos. É bom para o meio ambiente e ajuda famílias”, explica Rosilda. Com a proximidade da 30º Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP30, em Belém, a expectativa é de aumento na produção.
"A gente tem que acreditar que a COP vem trazer coisa boa. Não só para o clima, mas para a cultura em geral, nossa culinária, nosso artesanato, nossa biojoia. A gente vai se agarrando nisso e preparando um volume maior de peças para o período. O meu objetivo é ganhar dinheiro, claro, não quero ser hipócrita, mas também quero divulgar a minha cultura para todos", diz a artesã.
Professora de francês que virou costureira e empreendedora. Essa é a história de Glauciane Pinheiro, de 40 anos, que entrou no curso de costura industrial, “sem nunca ter tocado numa máquina”. A proposta do projeto era voltada para pessoas com experiência, mas algumas vagas foram abertas para iniciantes - e foi assim que ela desenvolveu a nova habilidade.
“Eu estava desempregada, passando por um momento emocional difícil. Entrei mais para me distrair, mas acabei me encontrando na costura”, relembra. A partir daí, o interesse por estamparia e criação de coleções cresceu. Com apoio do marido, que lhe presenteou com duas máquinas, ela montou um pequeno ateliê no quarto de casa e lançou a marca Mang Marajó.
A empreendedora começou a produzir roupas com estampas autorais e bordados, parte feita por famílias e grupos terceirizados da região. Hoje, ela vê no turismo local uma oportunidade concreta de crescimento. “Desde que começaram os preparativos para a COP30, a cidade está diferente. Tem mais movimento, mais turistas. Eu recebo gente todos os dias, até de noite ou aos domingos”, relata Glauciane.
“A gente acredita que o turismo pode sustentar o Marajó. E eu quero viver disso, da cultura e da arte”. A esperança comum daqueles que vivem de moda no Marajó é que novembro seja um ponto de virada para o setor no Pará, com maior visibilidade e mais investimentos públicos.
“Os principais desafios ainda são o acesso limitado a equipamentos modernos, capacitações técnicas continuadas, canais de comercialização e financiamento. Para alavancar a situação dessas mulheres, é necessário fortalecer as parcerias institucionais, ampliar o acesso a mercados (digitais e físicos), investir em formação empreendedora e garantir políticas públicas que sustentem esse processo de desenvolvimento local com identidade”, explica a diretora do Sebrae, Renata Rodrigues. (Com informações da Agência Brasil).
•O Diário Oficial do Estado do último dia 17 publicou as receitas transferidas do orçamento do Estado para os tribunais – inclusive os de contas -, Ministério Público, Defensoria Pública e MPs de Contas: R$ 462,8 mi, quer dizer, quase meio bilhão.
•O presidente da Câmara, Hugo Motta (foto) anuncia que vai pautar esta semana a urgência do projeto de lei que proíbe companhias aéreas de cobrarem pela bagagem de mão em voos realizados no Brasil.
•O número de presos em regime domiciliar cresceu em quase 4.000% entre 2016 e 2025 no Brasil. A discussão sobre os requisitos e o funcionamento da prisão domiciliar é um tema constante no Congresso.
•Parlamentares acionaram a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da OEA, contra a prisão de Carla Zambelli, alegando "perseguição política".
•Enquanto a Bolsa de Nova York aponta cotações recordes - impulsionadas pela quebra de safra de cacau na Costa do Marfim e em Gana, os maiores produtores mundiais -, no Brasil as indústrias processadoras impõem deságios abusivos e pagam muito abaixo do valor de referência internacional.
•A prática, diz Celso Ricardo Ferreira, Consultor em Gestão Estratégica em Agronegócio, tem um objetivo claro: segurar as altas no mercado interno e proteger as margens da indústria, às custas do sacrifício do produtor.
•O resultado é perverso: o produtor enfrenta custos crescentes, vê a valorização escapar pelas mãos e continua sendo tratado como a parte mais fraca da cadeia produtiva.
•O ministro Alexandre de Moraes acionou a Defensoria Pública da União para que ela indique um defensor para o deputado Eduardo Bolsonaro.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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