A três meses das eleições, Programa Sua Casa, do governo Helder Barbalho, acelera e vai distribuir benefício no interior do Estado, ainda que sob pressão do Ministério Público/Fotos: Redes Sociais.

O Cheque Moradia, ou Sua Casa, operado pela Companhia de Habitação do Pará do governo Helder Barbalho, entrou nesta semana com um problema operacional. Nos últimos meses, ainda longe das eleições, a distribuição de benefícios bateu níveis jamais vistos em governos do Pará, a ponto de precisar de dois gestores – o presidente da Cohab, ex-vice-prefeito de Belém Orlando Reis, e o deputado Wanderlan Quaresma. Cada um ocupa uma sala nas instalações da companhia para a distribuição de cheque moradia, cada qual com seu controle, embora o deputado tenha um preposto chamado André, irmão dele.

Brincadeira de gaiato

Meses atrás, espantado com tamanha farra, um gaiato atirou uma bomba dentro da Cohab: comentou pelos corretores que ouvira rumores sobre suposta visita da Polícia Federal no dia seguinte. Foi um desassossego. Na noite daquele dia, os escritórios paralelos trabalharam freneticamente até tarde e esvaziaram as gavetas. Na manhã seguinte, estavam vazios e a Polícia Federal, por óbvio, não apareceu, mas consultas a documentos importantes sobre beneficiários do programa eram feitos a partir do porta-malas de um veículo estacionado em uma rua próxima, fora das dependências da companhia. Afinal, diz a lenda, seguro morreu de velho.

Lei de Proteção de Dados

No curso dessas intercorrências, o deputado estadual Toni Cunha, que faz oposição ao governo, cobrou explicações da presidência da Cohab sobre a distribuição escancarada do benefício, mas não foi atendido. Àquela altura, ouvido pela coluna, o presidente Orlando Reis explicou que as informações seriam encaminhadas no seu devido tempo ao Ministério Público e justificou que não atendeu ao pedido do líder do PTB na Assembleia Legislativa com base na Lei de Proteção de Dados. Desde lá, não se sabe a quantas anda o procedimento do MP.

Lei da física não conta

Nesta semana, então, a três meses das eleições, a azeitada máquina de distribuição de bondades do governo ameaçou emperrar: a picape Nissan Frontier, placas QVQ7B57, que conduzirá equipe técnica da companhia para entrega de beneficio em domicílio no interior do Estado a partir das 5 horas desta segunda-feira só dispõe de vaga para cinco passageiros: o chefe Ederson Santos, as assessoras Izaura Costa e Milie Klautau, a funcionária Laiana Barros e o também assessor Waldesil Cruz.

Velho “jeitinho” infame

Notou que está faltando motorista na picape? Pois é, eis a questão: não pode, ou melhor, não poderia, mas o jeitinho infame já foi dado. De ordem chefão Luiz André, da diretoria Imobiliária, o assessor Waldesil Cruz assume o volante e o motorista oficial, fica – sem trabalhar, mas sem receber um centavo das 18 diárias que serão pagas à equipe.