Paratê Tembé tramou para evitar que irmão Kanderó se apresentasse para depoimento. Não deu certo. Esquema teria por objetivo incriminar a BBF, induzindo a imprensa a erro. /Fotos: Divulgação-Arquivo.
Que motivos teriam os indígenas Kanderó e Paratê, filhos de Lúcio Tembé, para retardar as buscas ao criminoso que atentou contra a vida do próprio pai, o cacique da tribo?
É surreal e rende enredo para filmes e documentários do History Channel. Longe de representar apenas uma intriga familiar, o atentado contra a vida do cacique Lúcio Tembé, pai do criminoso contumaz Paratê Tembé, remete a um cenário tenebroso de um crime que vai além da imaginação, mas nem tanto. Paratê não esconde o que faz; muito pelo contrário: até os frutos de dendê roubados por Paratê e sua gangue sabem disso.
Os fatos narrados no IPL do Tribunal de Justiça do Pará, que registra o auto de prisão em flagrante do suspeito de tentativa de assassinado do líder indígena Lúcio Tembé, trabalho realizado célere e digno de elogios da Delegacia da Polícia Civil de Tomé-Açu são cristalinos. (Link https://consultas. tjpa. jus.br – Processo número 0800987-50.2023.8.14.0060). Veja trechos:
Obstrução da Justiça
Kanderó Tembé iria prestar depoimento no dia 15 de maio – segunda-feira -, por volta das 13 horas. Estava se dirigindo para a delegacia da polícia civil de Quatro Bocas em seu veículo seguindo a viatura policial – em comboio -, quando, de forma repentina, foi direcionado a desistir de prestar depoimento, por orientação de Paratê Tembé, seu irmão, que, por telefone, interferiu na oitiva que Kanderó daria, naquele mesmo dia, informando as autoridades policiais de que não daria depoimento no dia 15 de maio – segunda-feira. Kanderó e Paratê são filhos do cacique Lúcio Tembé, alvejado em uma tentativa de homicídio ocorrida na noite de 13 de maio, em Tomé-Açu.
No dia seguinte, porém, 16, Kanderó Tembé se apresentou ao delegado, mas, então, havia retardado as diligências da Polícia, dando tempo para que Paratê Tembé fizesse seu jogo sujo, direcionando a imprensa para vincular a antiga empresa Biopalma, adquirida pela BBF em 2020, no contexto do crime. O procurador federal Felipe Palha chamou as autoridades públicas e reuniu a imprensa, na sede do Ministério Público Federal, em Belém, no dia 15 de maio, desferindo acusações sem provas contra a BBF. Paratê fez tudo de forma premeditada, para manchar a reputação da empresa.
A trama macabra
O que mais choca nesse caso é que, no dia 15 de maio, data da coletiva citada acima, tanto Kanderó, quanto Paratê sabiam do envolvimento de “Passarinho” como principal suspeito do crime contra o próprio pai, mas omitiram essa informação da autoridade policial, da imprensa e da sociedade. Somente na tarde de 16 de maio, após uma assertiva e rápida ação dos órgãos de Segurança Pública, a Polícia Civil conseguiu prender em flagrante o verdadeiro criminoso – e a verdade veio à tona na noite da última terça.
Celular ‘entrega’ crime
Os filhos do cacique Lúcio Tembé já sabiam desde antes do dia 15 de maio que “Passarinho” era o verdadeiro criminoso. Em depoimento prestado dia 15 de maio, por volta das 12 horas, Maciano da Costa Alves relatou ao delegado que, “em seu celular, Kanderó possuía conversas segundo as quais tinha ciência de que ‘Passarinho’ foi o mandante do baleamento do pai”. O aparelho celular de Maciano foi apreendido e passou por vistoria, confirmando as mensagens. Os fatos estão descritos no IPL 0800987-50.2023.8.14.0060, do TJPA.
Polícia responde a altura
Ao final e ao cabo, o verdadeiro culpado foi preso, graças ao trabalho exemplar da Polícia Civil, mas, novamente, a empresa BBF foi falsamente acusada e teve sua reputação manchada de forma injusta no episódio, onde filhos do cacique tentaram sabotar a localização do criminoso, com um único propósito: manchar a imagem da BBF e continuar invadindo terras da empresa para subtração de frutos de dendê.