Seja na travessa Dom Romualdo de Seixas com a Senador Lemos, ou na avenida Visconde de Souza Franco, a situação é a mesma: mães pedindo ajuda até com recém-nascidos nos braços, ao passo em que o Conselho Tutelar parece não existir/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.

Parar veículos em alguns semáforos e esquinas e ser assediado por mulheres com crianças no colo pedindo ajuda virou lugar comum na Região Metropolitana de Belém. Em outros casos, esquinas e sinais ainda é possível encontrar malabaristas criados em certa ‘escola circense’ que não deixou saudades, mas vítimas, quando não, em frente a bares, gente cuspindo fogo e exalando forte cheiro de querosene ao cobrar a ‘apresentação’ – pessoas que floresceram tanto na vida quanto as pupunheiras plantadas ao longo da avenida Almirante Barroso.

Incomum é o Conselho Tutelar de Belém nada fazer a respeito e permitir que debaixo de chuva e de sol essas mães, no mais das vezes obrigadas a expor suas crias a tratamento desumano, passem o dia inteiro com até com duas crianças no colo à espera do nada.

A quem recorrer?

É o caso de uma que aparece constantemente plantada à travessa Dom Romualdo de Seixas, esquina com a Senador Lemos, provocando cena tão mais desoladora pelo fato de que as crianças aparentemente são gêmeas. Um saco de pipoca ordinário preso a uma das mãos dos dois braços ocupados pelos bebês completa o cenário, mas os supostos compradores são raros e apressados e preferem passar ao largo.

Envolvidas pela compaixão e pelo forte sentimento de solidariedade que ainda resta em meio à inoperância do poder público, diversas pessoas ligaram para o número assinalado como contato do Conselho Tutelar para denunciar esse fato e outros da mesma grandeza, como o de outra mãe, que se posta em vários pontos da avenida Visconde de Souza Franco, não com duas, mas com várias crianças. As ligações caem no vazio tantas vezes quanto se possa imaginar, a qualquer hora do dia.

Quem é culpado?

Como ninguém está acima de ninguém, há que se insistir na mesma tecla: o Ministério Público do Estado tem o poder e o dever de cobrar uma atitude do Conselho Tutelar em face da omissão que poderá levar essas crianças a óbito por insolação, inanição, atropelamento ou outro mal. A situação caracteriza prática de maus tratos, seja de quem for – das mães ou do poder público, que se investigue -, mas uma coisa é certa: o Conselho Tutelar em Belém não tutela absolutamente nada e parece estar, por sua vez, em situação de petição de miséria, senão pior.