Setor dividido entre esquerda e direita deve sofrer pressão por conta das facilidades que permitiram, ao longo de quatro anos, ampliar áreas de produção em níveis recordes sem o arrocho dos órgãos de fiscalização como Ibama e Ministério do Trabalho/Fotos: Divulgação.  

Por Olavo Dutra | Colaboradores

O agronegócio do Pará não está diferente da grande maioria do segmento em todo Brasil: preocupado e tenso com o novo governo Lula. A verdade é que o setor agropecuário é dividido em duas vertentes distintas – as empresas do agro e a agricultura familiar. O agro claramente alinhado com a direita, e a agricultura familiar, com a esquerda. Não se discute a importância de ambos para o País.

Essa tensão tende a aumentar quando lideranças políticas, comunitárias e sociais divulgam opiniões nas redes sociais com ameaças diretas aos empresários do agro. O fato é que todos os personagens inseridos no setor produtivo – grandes, médios ou pequenos produtores – sabem os prós e os contras do governo em fim de mandato.

Fiscalização frouxa

No aspecto econômico e financeiro, o setor alcançou preços recordes, seja na arroba do gado ou nas sacas dos grãos, mas os ganhos elevados foram ilusórios na comparação com custos elevados, o que acabou corroendo os lucros na reta final. Mas uma coisa é fato: o setor produtivo trabalhou quatro anos relativamente tranquilo nos aspectos ambiental e trabalhista, graças ao breque imposto pelo governo federal em ações dos órgãos de fiscalização como o Ibama e o Ministério do Trabalho

Pressão internacional

Hoje, com o resultado das urnas, parte dos produtores rurais do Pará perdeu o sono, consciente do passivo ambiental criado nesses quatro anos em suas propriedades rurais, como desmatamentos e criação de áreas irregulares. Terão, portanto, que assumir o ônus dessas ações a partir de janeiro por conta das pressões internacionais sobre questões ambientais e preservacionistas, ameaça de multas e embargos de extensas áreas produtivas de cultivo.

O preço da esperteza

É o preço da esperteza que terão que pagar por se aproveitarem irresponsavelmente da omissão governamental para expandir em quatro anos áreas de produção que precisariam de até 30 anos para tal.