Filas de pessoas previamente selecionadas aguardam a hora do almoço: o ritual chama a atenção de clientes e transeuntes, mas é apenas um ato de solidariedade/Fotos: Divulgação-Redes Sociais-Whatsapp.

Em tempos em que muita gente no Pará está com o boi no pasto para engorda, apontando negócios milionários no mercado nacional e internacional de carnes, uma churrascaria em Belém, a Boi Novo, à Magalhães Barata, esquina com a travessa 3 de Maio, faz o imponderável: todo santo dia, chova ou faça sol, promove um ‘ritual de solidariedade’ que extrapola o sendo comum. Acontece depois que o último cliente se serve do buffet, depois do almoço dos funcionários. O ritual é de encher os olhos e dezenas de barrigas.

Consiste na montagem de uma grande mesa, no centro do buffet, onde é colocada uma infinidade de potes, vasilhas e outros objetos que sirvam para armazenar alimentos, algo em torno de 100 recipientes, todos identificados com o nome dos seus respectivos donos. Os garçons, de máscaras e luvas, recheiam cada potinho com o que sobrou do buffet – não são restos de comida, mas a parte que não foi consumida pela clientela -, tudo muito bem arrumadinho e feito com um prazer claramente estampado no rosto funcionários. Um dos clientes viu e se espantou com a cena. Ato contínuo, questionou um dos garçons, que explicou seu orgulho e satisfação em poder fazer aquele ritual diariamente.

Tudo pronto e arrumado, a direção da churrascaria manda que um carrinho comece a circular no ambiente conduzindo a alimentação até o local previamente preparado para o ritual, onde dezenas de pessoas, sem pressa ou confusão, estão a postos: uma a uma, segundo a identificação nos recipientes, são chamadas a se sentar e a comer.

Após esse ritual simples, emocionante, comovente e inédito terão feito a única refeição possível do dia.

Há boi novo e gordo para todos.