Ex-secretário do governo Ana Júlia e pré-candidato a deputado estadual, Charles Alcântara traça cenários possíveis para a eleição à Câmara Federal e ao Senado a partir de nomes como Beto Faro e Úrsula Vidal, Marinor Brito e Vivi Reis. Com ou sem dobradinha com o Psol, a Rede deve lançar Úrsula ao Senado, prevendo disputa acirrada entre o candidato do PT, a própria Úrsula e o ex-prefeito Manoel Pioneiro/ Fotos:Divulgação.

Para além do que se prevê como “disputa acirrada” por uma vaga ao Senado nas eleições deste ano, o deputado federal Beto Faro, do PT, que deixou o atual senador Paulo Rocha para trás na disputa, se considera “o senador do governador” e aposta que será um nome forte, senão o mais forte, à sucessão de Helder Barbalho. Exageros a parte, se é que isso, Beto Faro não avalia que Paulo Rocha reuniria mais chances de se reeleger, ao se considerar que o senador é, de longe, o nome mais conhecido e ao mesmo tempo mais identificado com o PT e com o ex-presidente Lula.  A questão, porém, é que, pelas circunstâncias que envolveram a decisão do PT, Beto Faro entra na disputa com a obrigação de ganhar, sob pena de ser responsabilizado por uma derrota que tirou a vaga do partido no Senado, quando Lula e todo o PT trabalham pela ampliação da representatividade no Congresso Nacional. Essa obrigação de ganhar deve pressionar a campanha de Beto Faro até o último minuto da disputa, segundo avaliação do próprio PT.

O fator Úrsula em dois cenários

Ex-secretário do governo Ana Júlia e o atual presidente do Sindifisco, Charles Alcântara traça dois cenários possíveis sobre a eleição ao Senado e coloca o deputado federal Beto Faro como “candidato preferido” pela secretária de Cultura, Úrsula Vidal na disputa da vaga. Beto Faro é o “candidato menos difícil de ser superado” por Úrsula, avalia. Os dois cenários traçados pelo ex-secretário incluem as hipóteses de eleição “com a Federação” Psol-Rede e “sem federação”, isto é, só a Rede.

O jogo possível das peças

No primeiro caso, as candidaturas de Úrsula e Marinor Brito partem de um patamar considerável de votos, com folgada vantagem para Úrsula, nitidamente com maior potencial eleitoral que Marinor. Some-se o nada desprezível apoio político e material de Edmilson e da Prefeitura de Belém. A Federação também reforça uma candidatura de Úrsula ao Senado, que contaria, além de sua própria força eleitoral, com a militância e a estrutura do PSol. Além disso, contaria com algum apoio de Helder Barbalho, seja pela proximidade com Úrsula, seja porque a Federação, se vingar, tenderia a não apresentar candidato concorrente, o que beneficiaria Helder, que teria pela frente apenas a candidatura bolsonarista. Nesse cenário, Úrsula e Marinor conquistariam as vagas à Câmara Federal, com Úrsula também figurando como séria candidata ao Senado.

As chances e as dificuldades

A segunda hipótese – sem a Federação: Úrsula fortíssima candidata à Câmara Federal, mas sem a mesma certeza do cenário “com Federação”. Ao Senado, segue sendo uma candidata competitiva, mas certamente enfrentaria as dificuldades de estar em um partido pequeno, ainda que com algum apoio de Helder. Nesse cenário, Úrsula também teria boas chances de eleger-se à Câmara e chances razoáveis ao Senado. Resumo da ópera: “com federação”, eleição certa de Úrsula para a Câmara e forte candidata à vaga no Senado, caso tenha algum apoio do governador Helder Barbalho. “Sem federação”, Úrsula aparece como forte candidata à Câmara e com boas chances ao Senado. Úrsula, por óbvio, prefere o Senado.

Preferência é pelo Senado

Pesquisa que circula na internet tem produzido um debate acalorado em torno da possível candidatura da secretária de Cultura, Úrsula Vidal, principal figura da Rede no Estado, à vaga deixada por Paulo Rocha no Senado. Para alguns, ela dividiria a esquerda; para outros, seria a única candidatura de esquerda ao Senado. Veja o que diz Charles Alcântara, pré-candidato a deputado estadual, sobre a possível candidatura Úrsula ao Senado.

A decisão da Rede é lançar Úrsula ao Senado. Não porque ela precise abrir caminho para candidaturas outras à Câmara Federal, caso de dona Elcione, por exemplo. A ideia é que a Federação elegerá dois federais, que seriam Úrsula e Marinor Brito, ou Vivi Reis.

Potencial, em vez de confronto

Portanto, não se trata de evitar confrontos, mas de confiar no potencial de uma candidatura que possa transitar da esquerda até o centro captando votos de opinião, enquanto outros dependem da máquina, com recursos financeiros a perder de vista, que podem não ser suficientes. No fundo, tanto Pioneiro quando Beto têm as mesmas ferramentas e a mesma capacidade de mobilização de máquina. Como na anedota, podem terminar empatados, como seria o campeonato baiano se macumba ganhasse jogo.

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