Empresa responsável pela estrutura exibe valores que contrastam com o discurso de sustentabilidade: cafés mais caros que refeições, cadeiras de US$ 1,4 mil e painéis de LED a US$ 25 mil por dia.
catálogo oficial de bens e serviços da GL Events, empresa responsável pela estrutura, montagem e operação da COP30 em Belém, expõe uma realidade desconfortável: o evento que deveria simbolizar a responsabilidade climática e o consumo consciente está precificado como se fosse uma feira de luxo.
O item que mais chama atenção é uma cadeira especial de alto padrão, oferecida a US$ 1.400 por unidade - sem que o catálogo justifique a exclusividade, o material ou a razão ambiental para o valor. A peça integra o mobiliário disponível para a chamada Zona Verde, espaço destinado a patrocinadores e parceiros privados, onde os estandes e lounges corporativos competirão em visibilidade e conforto.
Em tese, a Zona Verde seria o ambiente da “sustentabilidade aplicada”, um espaço de inovação e economia verde. Na prática, os preços praticados pela GL Events transformam o setor em uma vitrine de status: quanto mais se paga, mais “verde” o estande parece - mesmo que o impacto ambiental e o custo social das escolhas indiquem o contrário.
Nem o cafezinho escapa da lógica inflacionada. A máquina de autosserviço custa US$ 371 por dia, com 200 doses incluídas - o que equivale a US$ 1,86 por xícara. O paradoxo: as doses adicionais são mais baratas (US$ 1,10 cada). Com barista, o valor dispara para US$ 892 por dia, ou US$ 4,46 por dose.
O mesmo padrão de descompasso aparece nos coffee breaks, todos com o mesmo preço - US$ 113,17 por pessoa, com mínimo de 50 pessoas -, mas com durações distintas: 2h, 1h e 45min. Na prática, quanto menor o tempo, maior o custo por hora, o que eleva o valor de um coffee break “premium” para o equivalente a US$ 150 por pessoa/hora.
Há ainda os coffees regionais, anunciados como valorização da cultura brasileira, mas com valores que beiram o absurdo: US$ 139 por pessoa para 45 minutos de serviço - o que ultrapassa US$ 185 por hora-pessoa.
Em infraestrutura, o exagero é ainda mais evidente. Um painel de LED P4 custa US$ 2.142,86 por metro quadrado-dia - o que significa que uma tela de 12 m² pode ultrapassar US$ 25 mil diários. Enquanto isso, uma TV 85”, capaz de cumprir o mesmo papel em estandes menores, sai por apenas US$ 180-dia.
O serviço de internet também traz distorções: por US$ 129-dia, o catálogo promete rede para até 10 pessoas em 100 m², mas com 12 access points - configuração completamente desproporcional. Para especialistas, trata-se de superdimensionamento técnico: uma solução de palco vendida para uso de escritório, com custo de banda e equipamento multiplicado sem necessidade real.
Os itens de consumo diário mostram que o discurso ambiental não se reflete na planilha. Um galão de 20 litros de água custa US$ 7, e cada copo biodegradável, US$ 0,30. Já a água em lata de 310 ml sai por US$ 1,50 - quatro vezes mais cara por volume e com muito mais impacto de embalagem.
Ou seja: quem quiser ser sustentável e usar galão com copo biodegradável pagará mais caro por isso. A lógica deveria ser inversa, com incentivos a práticas de menor pegada ambiental. Mas no catálogo da COP30, o “verde” parece ser apenas uma categoria de marketing, e não de preço.
Os custos de pessoal são uniformes: técnicos e garçons custam US$ 181–183 por 10 horas, e limpeza US$ 111 pelo mesmo período. Embora pareçam valores coerentes entre si, o catálogo não apresenta nenhum parâmetro público de referência, nem explicita se há encargos trabalhistas, transporte ou alimentação inclusos.
Para um evento de dimensão global e de interesse público, a ausência de critérios claros sobre remuneração e custos operacionais viola o princípio básico da transparência administrativa.
Na chamada Zona Verde da COP30, o contraste entre o discurso e a prática é gritante. Enquanto líderes mundiais debaterão metas de redução de emissões, os estandes corporativos poderão exibir cadeiras de US$ 1,4 mil, painéis de US$ 25 mil por dia e cafés de US$ 4 a dose - tudo dentro de um espaço que deveria simbolizar o compromisso com o planeta e com a Amazônia.
A GL Events, empresa francesa que venceu a licitação para organizar o evento, alega que o catálogo segue “padrões internacionais de conferências da ONU”. Mas os valores praticados mostram um padrão mais próximo de feiras corporativas de luxo do que de um fórum climático voltado à equidade e à economia verde.
O que o catálogo da COP30 revela é mais do que inflação de preços: é uma distorção simbólica. A conferência que promete defender a sustentabilidade global está estruturada sobre uma lógica de consumo elitista, onde cada escolha “verde” custa mais caro e cada item simples vem com o selo da exclusividade.
Na Belém da COP, a sustentabilidade corre o risco de virar um produto premium - vendido em dólares, com embalagem biodegradável e etiqueta de luxo.
•Pedro Vaz de Caminha, festejado blog de Joércio Barbalho, deu a notícia que Bragança queria: o prefeito Mário Júnior (foto), do MDB, é cotado para concorrer a deputado estadual na "vaga" do ex-prefeito Raimundo Oliveira.
•Na cidade, o bom da notícia não é a possibilidade da candidatura, mas a certeza de que, para tal, Mário Júnior terá que se desincompatibilizar do cargo de prefeito. Jesus, Maria e José...
•Quem precisa contatar a Prefeitura de Garrafão do Norte - que só funciona no período da manhã - descobre que o telefone fixo disponível no site não completa ligação e que o próprio site oficial é "só de faz de conta", pois não oferece acesso a informações nem a canais alternativos de atendimento virtual.
•Só indo lá: assim, "fica impossível resolver demandas básicas como emissão de guia de IPTU, ITBI, certidão ou obter esclarecimentos junto à administração municipal" garante leitor da coluna.
•A tilápia, espécie domesticada e criada há mais de 25 anos em cativeiro com autorização do Ibama, poderá ser proibida se depender da Comissão Nacional de Biodiversidade, o Conabio, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, de Marina Silva, que insiste esse peixe na lista de espécies invasoras.
•Principal motor da piscicultura no Brasil, gerando bilhões em faturamento e centenas de milhares de empregos diretos e indiretos, o cultivo da tilápia já foi duramente prejudicado com a abertura das importações do peixe criado no Vietnã, mais barato porque não cumpre protocolos de sanidade.
•Ou seja, além da queda, o coice! Entidades e produtores nacionais, então, iniciaram uma verdadeira cruzada para mostrar ao governo federal o tamanho do absurdo - porque não existe nenhum embasamento técnico para a medida -, que o Conabio pretende promover.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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