Entre tarifaços, sanções e guerras no horizonte, encontro nos EUA foi regado a abraços, sorrisos e “química”; a política internacional virou espetáculo de variedades.
Na abertura da Assembleia Geral da ONU, Lula subiu ao púlpito para reclamar das sanções americanas, tarifas sufocantes e restrições de visto impostas pelo governo Trump. Falou em soberania, democracia, instituições. Tudo muito solene.
Na sequência, Trump rebateu, também no melhor tom professoral: acusou o Brasil de ser injusto com os EUA, prometeu retaliações e ainda deu o puxão de orelha habitual. Mas o que virou manchete? Não foram as divergências, e sim o tal encontro nos bastidores. Vinte segundos, um abraço, uns sorrisos e - pronto - a “química” entre Lula e Trump virou frufru internacional.
“Guerra” ou marola?
Até anteontem, o discurso era de “guerra comercial”, “ameaça à democracia brasileira”, “tarifaço inaceitável”. Agora, com uma piscadela na ONU, fala-se em encontro bilateral “já marcado”. Fica a dúvida: a tempestade virou marola? O tarifaço é negociável desde que venha embalado por sorriso? Sanções contra ministros do STF, que ontem eram afronta, hoje são detalhe diante de um “ele me pareceu um homem agradável”? A diplomacia, ao que parece, não é mais exercício de Estado, mas reality show: quem sorri melhor ganha a rodada.
Trump se pavoneia
Enquanto Lula e Trump ensaiavam tango diplomático, o plenário da ONU aprovava o reconhecimento do Estado da Palestina com mais de 140 votos. Para muitos países, um passo histórico; para Trump, “recompensa ao terrorismo”. Ele, que garante já ter acabado com sete guerras, prefere repetir o bordão da força - e dar uma bronca pública no secretário-geral Guterres, como quem corrige funcionário. Que diabos de mundo é este, em que um puxão de orelha viraliza mais do que a aprovação de um Estado?
Diplomacia performática
O planeta ferve: Oriente Médio à beira de explosão, economia global nervosa, extremismos ganhando corpo. O que oferecem os líderes? Coreografia. Lula reafirma que “a democracia brasileira não está à venda”. Trump responde que “gostou muito dele”. É nesse nível: discursos para a plateia, bastidores para as câmeras, e compromissos reais — se existirem — relegados a nota de rodapé. O multilateralismo segue sendo defendido em alto e bom som, mas ninguém leva muito a sério. No palco, gala e frases de efeito; nos bastidores, tarifas, sanções e vetos continuam mandando no roteiro.
O baile continua
O “próximo encontro” - anunciado como se fosse happy hour - pode até render uma foto mais posada, com aperto de mão oficial e sorriso treinado. Mas não se iludam: nada disso apaga a disputa dura que existe entre os dois países. O tarifaço continua no colo, as sanções seguem em vigor, a retórica bélica não sumiu. O que mudou foi o figurino: a guerra virou espetáculo, a ONU virou salão de baile e a diplomacia, performance para os noticiários da noite.
O mundo que se arrume: quando as tensões viram frufru, quem dança é a plateia.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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