No primeiro semestre de 2025, o rombo no órgão foi de R$ 4,37 bilhões, o triplo do prejuízo de R$ 1,35 bilhão observado em igual período de 2024
Muito mais do que um ano ruim, o déficit estrutural e crônico que se arrasta ao longo de anos na estatal, está ligado, em primeiro plano, ao déficit do sistema previdenciário dos funcionários, o Postalis, hoje carregando um rombo de R$ 50 bilhões, fruto de temerários investimentos no mercado financeiro e uma desajuizada gestão.
Pois bem, como os Correios são obrigados por lei a cobrir tal déficit, parte significativa de seu orçamento anual acaba sendo abocanhada pelos desmandos pretéritos e falta de atitude presente.
Além de tudo isso, o mercado de encomendas (e-commerce) explodiu no Brasil, mas os Correios não se adequaram para competir de igual para igual com Amazon, Mercado Livre, Magazine Luiza e Americanas, que estruturaram as suas próprias redes logísticas - muito mais ágeis e eficientes -, capturando uma fatia crucial do mercado.
Portanto, as obrigações derivadas do fato de os Correios carregarem um "serviço universal", sem poder, como as empresas privadas, focar prioritariamente nos lucrativos grandes centros, a estatal é obrigada a prestar serviços não lucrativos, como entregar cartas e encomendas em regiões remotas e de difícil acesso em todo o País.
Importante ressaltar a estrutura mastodôntica da empresa, com milhares de agências e um quadro de funcionários (concursados) com direitos intocáveis e bons salários que, em muitos casos, são superiores aos do mercado de logística atual.
Os Correios são frequentemente criticados por sua lentidão no âmbito de uma necessária e inadiável modernização, apresentando frequentes dificuldades de rastreamento, extravios e uma burocracia interna típica de estatais. Essa e outras soluções têm conspirado terrivelmente contra a competitividade da empresa no mercado.
Para que se tenha uma ideia do abismo em que se transformaram os Correios, a estatal fechou 2024 com um prejuízo líquido de R$ 2,6 bilhões. No primeiro semestre de 2025 o rombo cresceu para R$ 4,37 bilhões, o triplo do prejuízo de R$ 1,35 bilhão observado em igual período de 2024, segundo dados levantados pela "Folha de S. Paulo”.
As seríssimas dificuldades de caixa fazem com que a empresa enfrente cotidianas dificuldades de honrar compromissos com fornecedores e, em alguns casos, até mesmo com salários.
O certo é que os Correios estão de fato numa encruzilhada crítica. As saídas disponíveis são complexas e politicamente sensíveis, como a privatização, defendida por economistas, mas rejeitada por servidores e pela cúpula do atual governo.
Diante das "amarras" do Tesouro da União, especialistas opinam que só o capital privado - possivelmente através de uma recapitalização -, conseguirá de fato resolver a questão do Postalis e modernizar a empresa, livrando-a do pior.
No entanto, a resistência de funcionários, de parte da sociedade - sobre como garantir o serviço universal - e do próprio governo federal têm prevalecido no atual jogo de empurra. Ninguém pode negar que os Correios são vitais para o País, mas também é fato que seu modelo de negócio é insustententavel.
Uma reestruturação profunda, portanto, sem privatização, exigirá um plano drástico de cortes de gastos, fechamento de agências não lucrativas, revisão de contratos e uma modernização agressiva financiada pelo governo. A questão é: quem bancará politicamente esse rumo?
Foto: Agência Brasil
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Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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