Por Olavo Dutra | Colaboradores
A noite de diplomação dos candidatos eleitos e reeleitos no Pará na última eleição, entre eles sua excelência o governador Helder Barbalho, teve uma recepção com banheiro ao estilo boteco de quinta categoria no Hangar Centro de Convenções. Era quarta-feira, 21.
A festa foi bonita, pá!, mas, bastava ir ao banheiro para ‘desapertar’ e ver que, no que seria a noite da consagração dos eleitos faltava um pedaço.
Uma figura no espelho
Ao que parece, o vazamento na encanação que abastece algumas caixas de descarga do banheiro masculino não vem de hoje, tanto que quase todo o piso permanece ‘afogado’, obrigando o distinto usuário a escolher aonde vai pisar para evitar o tombo ou perder o lustre dos sapatos. Mictórios e vasos estão parcialmente submersos. Lavatórios se sustentam à base de ‘gambiarra’ para suportar o peso dos espelhos – e a figura enevoada e braba de um Paulo Chaves acusando os culpados.
A própria placa indicativa WC, cunhada pela língua inglesa para Water Closet – ou ‘gabinete de água’, na tradução livre para o português – denuncia que o descaso para com o equipamento público não é nenhuma novidade para a administradora do Hangar, a OS Pará 2000. Apesar do volumoso público, nenhum funcionário da OS foi visto nos banheiros para tentar ao menos escoar a água e minimizar o problema.
Poço não tem fundo
A fortuna arrecadada com o aluguel desse tipo de equipamento, naquela noite pago regiamente pelo egrégio Tribunal Regional Eleitoral do Pará, não parece ser suficiente para manter um dos espaços mais visitados da capital paraense minimamente apresentável. O poço não tem fundo.
O dono do espaço
O governo do Pará é dono dos bens que compõem a concessão de uso desses equipamentos – além do Hangar, Estação das Docas, Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna e Parque Zoobotânico Mangal das Garças. Todos estão sob gestão da Pará 2000, criada pelo Estado, que detém o poder da indicação política do presidente, dando-lhe autonomia administrativa e financeira, por ser uma organização social, e a infame tutela orçamentária para tapar os prejuízos. Todos, sem distinção, são deficitários, sob o patrocínio e frouxidão da Secretaria de Turismo.
Sem nada a explicar
Nessas condições, esses bens públicos, caros, mas icônicos, dignos de postais não prestam contas ao Tribunal de Contas do Estado, sequer têm estrutura de auditoria e não se tem notícias de que o Conselho de Administração da Pará 2000 fiscaliza o desempenho de qualquer um deles, o que não dá para entender. Afinal, com mais de 100 funcionários, custos astronômicos e se deteriorando como o banheiro do Hangar em noite de gala, como é feita a prestação de contas desses equipamentos?