TSE suspende conta de Nikolas Ferreira após deputado indagar resultado das eleições presidenciais

Houve um tempo em que o twitter era considerado uma rede social de “esquerdistas” – ou, como diriam os bolsonaristas, de “lacradores”.

A plataforma é um campo fértil para difundir pensamentos políticos e divulgar mídias que servem de material contra opositores, mesmo que metade delas seja fake. Afinal, até que se prove o contrário, o estrago já foi feito. De lá saem muitos dos vídeos que viralizam no Instagram e na rede chinesa TikTok, onde se concentram adolescentes e influencers “dançarinos”.

O microblog foi pensado para que os internautas possam materializar suas opiniões sem se preocuparem com a quantidade de tuítes – expressões – que farão e, até mesmo, sem precisarem concorrer com subcelebridades de biquíni oferecendo cintas modeladoras e pílulas milagrosas, cenas pitorescas muito presentes no Instagram, onde é comum se ver pessoas compartilhando de comidas a viagens luxuosas à Dubai. Com a ascensão da direita – ou como prefere dizer a grande imprensa, da extrema-direita – ao poder, liderada por Jair Bolsonaro e seus aliados, ‘a rede do passarinho’’ tem recebido cada vez mais usuários – que se denominam liberais ou de direita – se identificando com o propósito político da plataforma.

Twitter, Gettr e a liberdade

Semana passada, o bilionário excêntrico Elon Musk comprou o Twitter, depois de algumas idas e vindas nas negociações. A aquisição animou a cúpula de Jair Bolsonaro e seus seguidores. Se a plataforma antes era vista como uma terra de cancelamentos e intimidações, com um novo dono, bolsonaristas e simpatizantes têm se sentido mais seguros para se aventurarem na plataforma, segundo se lê em perfis que apoiam Bolsonaro.

Como o microblog ainda está em processo de transição, poucas alterações foram feitas e parece que o TSE está aproveitando este tempo para punir o quanto pode vozes encaradas como ameaças contra a ‘democracia’ – que o digam a deputada federal Carla Zambelli (PL) e o pastor André Valadão, que tiveram suas contas suspensas na última terça-feira 1, além de Nikolas Ferreira, o deputado mais votado do Brasil, que teve seu perfil desativado, ontem 4.

Remember Mr. Trump

Fato semelhante ocorreu com o ex-presidente dos EUA Donald Trump. Após o episódio da invasão ao Capitólio, em janeiro do ano passado, Trump teve seu perfil desativado da plataforma. O ex-presidente precisou buscar um novo lugar na internet para ecoar sua voz. Em 4 de julho de 2021, Dia da Independência dos Estados Unidos, a equipe do republicano lançou a rede social Gettr. Segundo o último levantamento, a plataforma já contava com 1 milhão de brasileiros contra cerca de 20 milhões da gigante Twitter.

A promessa do Gettr é “lutar contra a cultura do cancelamento” e tentar fazer frente às big techs. A expressão getting together significa algo como “permanecendo juntos, em português. A interface da Gettr é muito similar à do Twitter: há uma página inicial com um feed de postagens para que o usuário se expresse quantas vezes quiser com uma quantidade máxima de caracteres.

A revanche de Bolsonaro

Enganado está quem pensa que ‘Jair já foi embora’, como declara a música mais estourada da campanha de Lula (PT) nas eleições. Jair pode ter “arrumado as malas” do Planalto, mas deixa um Brasil dividido e bolsonaristas fieis, com a mesma paixão pela qual os lulopetistas têm pelo líder do Partido do Trabalhadores.

Eles estão em todas as redes, indignados, enraivecidos e com uma espinha entalada na garganta que poderia muito bem ser chamada TSE. São esses mesmos aliados e simpatizantes das políticas de Bolsonaro e de sua personalidade polêmica que prometem, até o último dia dos quatro anos que virão, não dar um minuto de paz à agora oposição.

Se a nova direita brasileira cumprir o juramento revanchista que vem prometendo, como diz um famigerado meme das redes sociais, “serão tempos difíceis para os petistas”.