É cada vez mais evidente que as chamadas “zebras” possuem os devidos méritos e, não à toa, não deram vida mole a nenhuma das grandes seleções que disputam o Mundial no Catar. A Alemanha que o diga…
Por Pedro Paulo Blanco
Mais uma semana de Copa do Mundo, com a confirmação da Argentina nas quartas-de-final e a derrota do Brasil para Camarões, jogo onde o ditado “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” não funcionou. Porque se houve uma coisa que a Seleção Brasileira fez foi martelar o gol dos camaroneses, cujo bloqueio permaneceu intacto. Menos mal que a classificação estava garantida e, por terminar em primeiro no grupo, o Brasil enfrentará a Coreia do Sul, amanhã, possivelmente com a volta de Neymar. É jogo perigoso.
A Argentina garantiu vaga nas quartas-de-final depois de vencer por 2 a 1, ontem, a Austrália – onde o futebol é apenas o quinto esporte mais praticado. Um resultado suado e com direito a ‘milagre’ do goleiro Martinez no último minuto dos acréscimos, quando o chute de Kuol ficou nos braços do arqueiro argentino rm pintura semelhante à de um ‘golaço’ para os atacantes. Na próxima fase, os hermanos encaram a Holanda que, mais cedo, venceu os Estados Unidos por 3 a 1.
Voltando a falar de Brasil, há quem classifique a oportunidade dada por Tite ao time derrotado por Camarões como verdadeira pegadinha. Não há entrosamento entre os jogadores que enfrentaram o time africano, o que faz do talento individual algo praticamente inútil para um esporte onde o coletivo é quem faz o sucesso. Além da queda, o coice. No jogo contra Camarões, Alex Teles e Gabriel Jesus sofreram contusões graves o suficiente para tirá-los definitivamente do mundial.
O adversário do Brasil será a Coreia do Sul, que venceu a Seleção de Portugal de virada por 2 a 1, na última rodada, e se classificou em segundo no Grupo H. O drama coreano durou nove minutos a mais que a partida contra os portugueses, tempo dos acréscimos no jogo entre Uruguai x Gana e no qual o time sul-americano, que já vencia por 2 a 0, precisava de somente mais um gol para conseguir a classificação. Passado o sufoco, o time asiático comemorou a heroica e histórica classificação.
Tensão maior só mesmo na última rodada do Grupo E, onde o Japão passou de zebra a qualificado depois de vencer dois campeões mundiais. O segundo deles foi a Espanha, cujo resultado, 2 a 1 para o time asiático, jogou os campeões mundiais de 2010 para segundo na chave, evitando um possível confronto contra o Brasil mais à frente. Em dado momento, tanto Alemanha quanto Espanha chegaram a ficar eliminadas com as vitórias parciais de Costa Rica e Japão, respectivamente. Mas os alemães reagiram, venceram o jogo e classificaram a Espanha, mas deram adeus ao mundial ainda na fase de grupos pela segunda vez seguida.
Vale ressaltar que, com Itália e Alemanha fora do mundial do Catar, nenhuma outra seleção poderá se igualar ao Brasil em número de títulos, ainda que a Canarinho seja eliminada. São cinco mundiais conquistados até aqui contra quatro de Itália e outros quatro da Alemanha. França e Argentina, cada um com dois mundiais, são as que mais podem se aproximar do Brasil em caso de conquista.
A Copa das ‘zebras’
Uma boa sequência de resultados inesperados: Bélgica 0 x 2 Marrocos; Tunísia 1 x 0 França; Japão 2 x 1 Espanha; Coreia do Sul 2 x 1 Portugal; e Camarões 1 x 0 Brasil. Mas, entre as maiores zebras da história do Mundial, a Coreia do Norte venceu a Itália por 1 a 0 na Copa de 1966; a Argélia bateu a Alemanha por 2 x 1, no Mundial de 1982; e em 1990, este mesmo Camarões venceu a Argentina por 1 x 0.
Presença feminina
Pela primeira vez na história, uma partida de Copa do Mundo de futebol masculino foi comandada por um trio de arbitragem todo feminino. A francesa Stéphanie Frappart, que também é ex-jogadora, foi a grande responsável pelo feito. Ela dirigiu a partida entre Costa Rica x Alemanha, auxiliada por Karen Díaz Medina, do México, e pela brasileira Neuza Back.
A Copa do Catar registrou uma marca única. Pela primeira vez o Mundial da Fifa contará com seleções representantes de todos os continentes nas oitavas de final.
Nome da bola
Pouca gente falou até agora, mas o nome da bola usada no Mundial de 2022 é “Al Rihla”, que significa “A jornada”. Na Copa da França (1998) era Tricolore; em 2010, na África do Sul, Jabulani; n no Brasil, em 2014, o nome dado foi Brazuca; e no mundial disputado na Rússia, em 2018, o nome escolhido para a bola foi Telstar.
Preces por Pelé
A Fifa fez uma homenagem ao ex-jogador Pelé na noite desse sábado, durante a Copa do Mundo do Catar. Luzes projetaram no céu a frase “Pelé, fique bem logo” e, em seguida, uma camisa com o número 10 nas costas. O Rei do Futebol segue internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O estado dele, de acordo com o último boletim médico, é estável.
Viva os imigrantes
Levantamento feito pela CNN aponta que a evolução da Seleção Francesa, uma das favoritas ao título, teve muito de contribuição de atletas de ascendência estrangeira. Dos 26 convocados pelo técnico Didier Deschamps para a disputa no Catar, 14 são de famílias oriundas de países africanos: Mbappé (Camarões e Argélia); Benzema (Argélia); Dembelé (Senegal, Mauritânia e Mali); Camavinga (Angola e Congo); Koundé (Benin); Upamecano (Guiné-Bissau); Tchouameni e Saliba (Camarões); Konaté e Fofana (Mali); Guendouzi (Marrocos); Mandanda, Diassi e Muani (República Democrática do Congo).
Futebol e Política
Quando todos os olhares se voltaram para a partida entre Irã X Estados Unidos, dada a tensão política histórica entre os dois, Suíça e Sérvia roubaram a cena pelo mesmo motivo. É que os dois países não se bicam por conta de Kosovo. Os sérvios não reconhecem a independência da região e buscam a anexação do território. Nesta Copa do Mundo, inclusive, o país causou polêmica ao colocar no vestiário uma bandeira com os dizeres “Não haverá rendição” sobrepostas no mapa dos kosovares. Em campo, sobraram provocações, empurrões e acusações. Uma torcedora foi retirada das arquibancadas depois de fazer, com as mãos, a águia de duas cabeças, símbolo do Kosovo.